sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Afinal onde estão esses limites?

A ciência diz que os acontecimentos que estão em sincronia comigo variam com a distancia a que estão de mim e da velocidade a que eu vou.  O tempo é relativo.

A ciência diz que as particulas sub-atomicas não têm velocidade e posição definidas. São, até ao momento em que algo as obrigue a definirem-se, uma onda de probabilidade. Não é apenas não podermos saber. São mesmo uma onda de probabilidade.

No mundo sub-atómico, a "localidade" não é como aquilo a que nós estamos habituados. Há certas coisas que não  dependem da distancia a que estão uma da outra. Particulas emparelhadas portam-se como se estivesse ligadas mesmo quando afastadas de quilometros. Einstein chamava-lhe "acção fantasmagórica à distancia". Em artigos sensacionalistas chamam-lhe teleporting.

Existem teorias cientificas que sugerem que o universo tenha mais de 4 dimensões.  Bastante mais, como na teoria das cordas.

Estão descritos microorganismos que vivem debaixo do solo e se alimentam da radioactividade natural do ambiente. 

A afirmação que o stress diminui a eficácia do sistema imunitário é uma afirmação cientifica. E que pessoas deprimidas vivem menos também.

A ciência diz que o efeito placebo é real, apenas é muito mais dependente da pessoa do que de um efeito especifico do medicamento. Ou da percepção desta, uma vez que se sabe que placebos mais elaborados e mais caros são mais eficazes. 

E ainda me vêm dizer que a ciência não pode explicar isto ou aquilo porque é naturalista? Eu chamo a isso aversão ao conhecimento. Cientofobia.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Fotografias da Natureza






A propósito do "défice relacional" (1) com a natureza, tal como proposto por alguns anti-naturalistas, decidi publicar aqui algumas das minhas fotografias. Ocasionalmente hei de continuar a publicar umas quantas.

Se eu quero compreender e conhecer a natureza, não é porque não goste dela. E ao conhece-la melhor não se cria nenhum "défice relacional", pelo contrário. Se gostamos dela devemos aceita-la como ela é.

A fotografia não lhe faz justiça completa, mas vale a pena. Espero que gostem. São todas fotografias feitas por mim com máquinas digitais e todas foram retocadas um mínimo para tentar voltar a criar a impressão que deixaram em mim e não na máquina no momento do disparo.



sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Evidencias anedóticas - testemunhas oculares.

Tenho escrito sobre evidência individual não reprodutivel como sendo a forma mais fraca de prova que se pode produzir. Essa é a afirmação da ciência. O processo cientifico gira muito mais à volta da reprodução independente dos factos e do esmiuçar das experiencias.

Em tribunal legal, a necessidade de se produzirem resultados e proferirem sentenças, levou a que o testemunho ocular ganhasse uma importância enorme. Felizmente a ciência está tambem a entrar pelos tribunais dentro e estamos num periodo em que já existe ciência mas os velhos hábitos ainda estão presentes.

Dos 239 casos de "culpados" investigados pelo "Innocence Project" desde 1990, a grande maioria - 73% - vieram a revelar-se afinal inocentes, após provas com DNA (1). Desses 73% erradamente condenados por testemunas oculares, 1/3 tinham o envolvimento de 2 ou mais testemunhos. É francamente assustador. 

O testemunho individual irreprodutivel e sem provas fisicas falha. Muito. E as consequencias são gravissimas.  

O "Innocence Project" é uma organisação afiliada da Benjamin Cardoso School of Law da Universidade de Yeshiva, em Yeshiva EUA. 

Benjamin Cardoso é descendente de Judeus Portugueses que fugiram durante a inquisição(2). Actualmente é um advogado muito reconhecido nos EUA e associado do Supremo Tribunal de Justiça

(1)http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=do-the-eyes-have-it

(2)http://en.wikipedia.org/wiki/Benjamin_N._Cardozo

Competição sexual e religião

De acordo com um artigo publicado na New Scientist, a imagem de uma pessoa atraente do sexo oposto aumenta o sentimento religioso dos individuos.

O estudo foi efectuado entre estudantes cristãos e teve um grupo controle. A hipotese avançada é a de que a escolha de um sistema de normas monogâmico seria fortalecida pela ameaça de competição sexual.

Eu penso que para testar essa hipotese devia-se repetir o estudo com solteiros de religiões que não recomendam a monogamia. Penso que existe a hipotese de que o sentimento expressado fosse o mesmo, ou seja, mais elevado a quem foram mostradas as pessoas muito atraentes do que àquelas que foi mostrada uma amostra vulgar do sexo oposto. Talvez também tenha o factor "Ha! Deus afinal sempre existe" envolvido. Seja como for, era boa ciência que essa hipotese fosse testada.

No mesmo artigo fala da procura de Deus para aliviar o stress. Mas isso dificilmente é noticia.

referencia:

http://www.newscientist.com/article/dn18388-anxious-or-sexually-competitive-try-god.html

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Conversas...

No blog do Prof Pinto de Sá, com o nome "A Ciência não é neutra", li dois artigos sobre centrais nucleares que considerei bastante interessantes. 

Os "posts" desmistificavam alguns aspectos controversos da utilização da energia nuclear, notando como a tecnologia evoluio desde as de 1ªa geração - vamos nas de 3ª geração - e notando como se espera que em breve se possa reutilizar os desperdicios para produzir mais energia.

Avança com numeros que mostram que o custo de manutenção é reduzido. E depois apresenta valores de custo por Kw produzido que amortizado com um pagamento a 40 anos tornaria a hipotese plausivel para as nossas carencias energéticas.

Tudo bem. Eu precebi isso e fiquei a pensar. Mas isso depende do custo total e de quanta energia nós precisamos. Se apenas precisamos de mais uns Megawats faz sentido investir uns biliões de euros para produzir energia que não precisamos? ( como se passa neste inverno com as aeolicas).

Podemos construir uma central nuclear que produza apenas mais uns milhares de Megawats que esse preço sai ao custo avançado para qualquer central? Ou foi exatamente para uma central de pequena dimensão (relativa) que essas contas foram feitas? Quanto custa essa central e que energia produz? Quanto precisamos realmente?

É que pode dar-se que para construir uma central de 900MW o custo pode ser quase o mesmo de construir uma de 3000MW e apesar de o custo por potência ficar a um bom nível de fizermos uma central muito pontente para rentabilizar o Euro gasto, pareceu-me que poderiamos estar a produzir mais energia que aquela que precisamos. Logo fazendo um custo inicial de biliões de euros desnecessário.

Ainda para mais, pela altura que o empresário Monteiro de Barros quis construir uma central, esta foi precisamente uma das críticas que lhe vi ser feita na televisão por um senhor que se bem me lembro era doutourado em fisica. A outra era que só valeria a pena se alguem pagasse o custo das emissões de CO2. Mas apesar de não ter encontrado esse valor no post do Prof. Pinto de Sá, era com as primeiras questões que eu estava em duvida o artigo é longo e podia não ter apanhado bem, de maneira que decidi por estas questões nos comentários.

A resposta foi que eu fizesse as contas por mim, que os dados estavam todos no post e no anterior. Sinceramente, depois de ler o post anterior e este novamente, fiquei ainda com mais duvidas. E achei estranho não fazer um resposta direta à minha questão. 

Bem, posso estar a ver alguma coisa mal, mas alguma coisa aqui não bate certo em quem quer iniciar uma discução como diz no título do post. Fiz mais dois comentários que não foram publicados. Não pensei fazer um post sobre isto, mas alguma coisa me diz que a atitude do senhor Professor não é correcta. E eu, leigo que sou na matéria, e que temo usar mal os valores apresentados, mas que quero tentar preceber, estou na mesma. E o assunto é importante. 

Foi a falta de abertura a discussão que me fez escrever este artigo. Continuo sem saber se o investimento inicial se vai de encontro às nossas nessecidades. Dado que pelo que percebi o nosso consumo médio anda pelos 6000 MW e está quase todo coberto. Com os aumentos a longo prazo na ordem dos 1000 MW, será que é preciso construir uma central nuclear para encaixar isso ou uma central mais barata que apesar de tudo custe mais por kilowatt é mais adequada precisamente porque não precisamos de muitos kilowatts?

Deixo aqui o link para o referido artigo que vou tirar a ligação para este blogue da minha lista. É a primeira vez que o faço, apesar de muitos desacordos com outros autores de blogues. 

http://a-ciencia-nao-e-neutra.blogspot.com/2010/01/uma-central-nuclear-em-portugal_12.html

Update: recebi um mail a dizer que os meus comentários não eram publicados porque são retórica sem conteúdo. E que isso está incluido nos critérios anúnciados de publicação de comentários.

Bem, aparentemente, há qualquer coisa que não apanhei no post. Mas também ele é longo e penso que não serei o único a ficar com dúvidas no final. E se for? Que raio...

Update: Parece que a questão está praticamente resolvida, tendo uns mal entendidos pelo meio - ver comentários. Mas a conversar é que a gente se entende (parece que o povo tem razão em algumas coisas).

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Dualismo por todo o lado.

Eu costumo ler a New Scientist. Não é uma revista científica própriamente dita, não publica artigos de investigação originais, mas tal como este blogue é sobre a ciência.

E costumo também gostar dos artigos, mesmo se por vezes são um pouco sensacionalistas. Quase sempre no titulo, no conteúdo é mais raro. Mas este é absolutamente sensacionalista e enganador. 

Chama-se "Não encontrarás a consciência no cérebro" (1)

E enquanto não apresenta nenhum tipo de  evidencia nova que apontasse noutra direcção, vai dizendo que a consciencia não pode estar no cérebro. Nem tão pouco avança com qualquer hipotese sobre onde poderá estar então a consciencia.

Faz umas confusões entre os objectos reais e a percepção destes para explicar porque é que a consciencia não está no cérebro que nem sei por onde começar a apontar os erros quanto a esse respeito. Sim, está uma confusão que nem se percebe o ponto.

Mas há outros que são faceis de perceber o que quer dizer:

Diz que o cérebro não pode ser a consciencia porque senão não era possível a memória. E diz que a sensação de percebermos as coisas como acontecendo ao mesmo tempo tambem não pode ser explicada por actividade do cerebro.

Será que sou o unico que não vê problema para o cérebro em fazer uma coisa que um computador faz? Tal como ordenar registos por ordem cronológica e ser capaz de chamar informação armazenada em memória?

São muito mais memórias as nossas? Muito mais informação. Muito mais informação a cruzar? Subsistemas a vigiar? Pois são, talvez por isso falhemos tanto. 

Nada disto me parece ser um problema chave. Na mesma "New Scientist" li outros artigos que ajudam a perceber muitos destes problemas. Cada neuronio tem apenas 13 (2) neurónios entre si e qualquer outro. Sim, aparentemente o cérebro não são apenas compartimentos fechados, tudo está ligado. E isso explica muita coisa, como por exemplo podermos fazer circuitos de "como se". Isto é, chamar algo da memória, passar pelo cortex visual e fazer essa memória ter realismo. "Como se" fosse real. E o mesmo com as emoções. Perguntem a um actor.

E parece que zonas diferentes são capazes de se porem a funcionar na mesma frequência para se porem em contacto (3) o que tambem ajudaria a recontruir memórias a partir de informação armazenada.

Afinal o que há de novo aponta realmente na mesma direção. O cerebro é a origem consciencia.

Sinceramente um artigo anti-naturalista é uma bizarria nesta publicação. O dualismo é de facto o debate quente que se segue.

(1) http://www.newscientist.com/article/mg20527427.100-you-wont-find-consciousness-in-the-brain.html

(2) http://www.newscientist.com/article/dn18371-brain-entanglement-could-explain-memories.html

(3)http://www.newscientist.com/article/dn18371-brain-entanglement-could-explain-memories.html

Gripe A

Agora que a gripe A está a desparecer, oficialmente a época de gripe passou, começam as queixas de que o alarme foi exagerado. 

Falar depois das coisas acontecerem é sempre mais fácil, mas eu nem penso que se possa dizer que foi alarmismo. Talvez por ter tido uma amiga quase a morrer no hospital me dê uma visão parcial desta gripe, mas há factores que deviam ser considerados antes de dizer que houve exagero nas medidas tomadas. 

Se as pessoas foram vacinadas numa escala bastante significativa porque é que é de estranhar o impacto da doença não ter sido maior? É para isso que servem as vacinas.

Se toda a gente passou a ter cuidados especiais com a transmissão por contacto, que antes não se dava importancia e a tomar medidas para a evitar, será que isso não diminuiu os numeros também?

Há mais coisas a considerar, mas para ja estas duas deviam chamar a atenção para não fazer sentido avaliar os estragos sem ter um controle com placebo... 

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Mistificação vs Lâmina de Occam

O Miguel Panão (1) acha que o Mistério ( a letra grande não é um lapso) é uma coisa boa (2). E que o Mistério é importante na nossa relação com a natureza e que é a saida para fora de nós proprios, no nosso aspecto mental.

O Miguel Panão faz orgulhosamente o oposto do que procura a investigação cientifica. Em vez de tentar compreender e simplificar o Miguel Panão tenta complicar e mistificar. Mas não abdica de dizer que o Mistério é uma série de coisas que lhe vêm à cabeça. Ainda que ache que são um Mistério. 

Nas suas palavras:

"A oposição da metafísica à ciência no racionalismo iluminista elimina o conceito de Mistério no seu sentido contemplativo, confundindo-o com o de enigma a resolver pela ciência, e a consequência é o défice relacional que se verifica entre o ser humano e a natureza. Aquela natureza à qual o naturalismo científico reduz toda a nossa existência, objectificada por ser considerada apenas no seu aspecto material, deixando de ser o portal que nos abre ao que está para além de nós mesmos (o seu aspecto mental), e que nos levou ao despertar da consciência no existir."

Estas coisas até têm piada, mas quando penso que podem ser levadas a sério fico um bocado preocupado.

A oposição da metafísica à ciência só existe se nós comfundimos aquilo que é metafísico, conceptual e emergente da nossa mente com a realidade. Se nós confundirmos o mapa com o território. 

A compreensão da natureza não precisa de nenhum Mistério em cima para não ter "défice relacional". Pelo contrário. Quanto mais conheço a natureza mais a aprecio. Mais beleza lhe vejo. Mas sou eu que vejo essa beleza nela. Há quem prefira cidades e arquitetura. Ou mistificá-la para a poder apreciar.

E um Mistério para sair de nós proprios para ter consciencia tambem me parece uma teoria frouxa. Talvez na parte em que um Mistério é um mistério não? E sair de nós próprios tambem me parece um mistério em si. Ja deu para perceber que Mistério é na realidade o que nos convém. Para quem não quer perceber e quer explicar as coisas como sendo Mistério. Sem explicar nada. Confuso? Não. É isso mesmo, repare-se na continuação:

"Recuperar o sentido de Mistério eliminado pelo mecanicismo do naturalismo científico passa pelo reconhecimento da unidade dos opostos quando os elevamos a nível superior de compreensão da realidade"

Ok... Portanto temos de aceitar esse Mistério mesmo que ele não seja observavel, descritivel, mensuravel, racionalmente dedutivel ou teoricamente demonstrável. Isto tudo para uma "superior compreensão da realidade". Há, e por causa do défice relacional com a natureza.

Isto não é compreender, nem explicar. Não há aqui nada para "comos" ou "porquês". Isto é mistificação. O oposto de tornar compreensivel. Não leva a lado nenhum nem a nenhum relacionameto ou a nenhum portal para fora de nós. Se houver um portal metafisico para fora de nós é por exemplo a procura exaustiva de conceitos que expliquem coisas que aconteceram há milhoes de anos atraz e a milhares de milhares de kilometros de distância. A compreensão da nossa mente. Da nossa biologia. Do nosso planeta. Sem tretas. Essa época do pensamento mágico e da treta insondavel apenas acedivel por alguns iluminados já foi. Pelo menos eu queria acreditar que sim, apesar das reminiscencias. 

A ciência não é um bicho de sete cabeças. O naturalismo também não. São tentativas exaustivas de explicar o universo da melhor maneira possível.

Sem postular desalmadamente Mistérios, duendes ou outras tretas. Este Mistério é uma entidade a mais.  Não é preciso para explicar, compreender ou apreciar a natureza. Só para mistificar.

(1)http://cienciareligiao.blogspot.com/

(2)http://cienciareligiao.blogspot.com/2010/01/dualismos-e-dualidades.html

Simplicidade.

Os princípios de simplicidade podem ser considerados dois: 

A parsimónia ontológica ou lamina de occam, que diz que as entidades não devem ser multiplicadas para além do necessário. 

E o principio de elegância ou lei da ecónomia que diz que entre explicações igualmente satisfatórias, a mais simples é provavelmente a correcta.

Embora pareçam semelhantes, uma é muito mais especifica e concreta que a outra. A lamina de occam é mais especifica e por isso mais fácil de compreender lógicamente. Que não devemos acrescentar entidades extra ao que é explicado sem as introduzir - é lógico. Se se mostrar que não pode ser explicado sem essas entidades, então temos que elas já não são desnesseçárias.

A lei da economia parece uma generalização da lamina de occam em termos mais latos. Mas não se consegue deduzir em termos lógicos da anterior. A razão pela qual ela é tão fecunda ainda não encontrou uma demonstração lógica completa. Existem no entanto várias tentativas que penso que nenhuma pode ser considerada definitiva. Por enquanto tem de ser considerada verdadeira por demonstração empírica. Quase sempre se verifica que a explicação mais simples era a correta. Em casos de policia, em diagnósticos médicos, em teorias ciêntificas, etc.

Estes são dos tais princípios filosóficos da ciência. São partilhados entre as duas se considerarmos limites estanques entre elas. Ou se estiverem de acordo comigo, são principios daquela area que é das duas, em que elas se fundem.

Conhecemos a simplicidade na filosofia, originalmente, não por William de Ockham mas sim por Aristoteles. Ele foi o primeiro que pôs um principio de simplicidade no papel. E tinha razão. 

Centenas de anos depois, Einstein formulava assim a simplicidade na ciência: "uma teoria deve ser tão simples como possível, mas não mais que isso". Dizia mesmo que se houvesse alguma coisa semelhante a fé na ciência era a busca da simplicidade.

Em senso comum existe a versão dos anglo-saxonicos que usam a sigla K.I.S.S. (Keep It Simple Stupid) que é um pouco insultuosa, mas fácil de memorizar.

Para saber mais sugiro a Standford Encyclopedia of Filosophy que me serviu de bibliografia para este post. Aqui:

http://plato.stanford.edu/entries/simplicity/

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

E o ponto G existe?

Este é um caso em que as evidencias não são conclusivas. Pelo menos é essa  a minha opinião. Mas neste caso pode ser porque a verdade pode estar mesmo no meio termo. 

Existem estudos que sugerem que sim (1)(5) , estudos que sugerem que não (2)(3)(4). O debate não me parece ainda ter chegado ao fim.

Os estudos que estão referenciados em (1) e  (2) são acerca da procura de uma diferenciação histológica ou bioquimica, como maior numero de fibras nervosas. 

Outros autores (3) abordaram o assunto do ponto de vista electrofisiológico e encontraram um ponto que parece funcionar como o "pacemaker" da vagina e sugeriram que este marcapasso das ondas electricas - que está provavelmente associado a contrações do tecido muscular - fosse o ponto G.

Uma abordagem ecográfica (4) permitiu a outros autores propor que o ponto G seria a base interna do clitóris. 

Um estudo recente feito através do inquerito de 1800 gemeas sugere que não. Apesar de 56% ter respondido que considera possuir um ponto G, não foi encontrada uma ligaçao nenhuma entre as gemeas identicas. O que seria de esperar se houvesse uma base genética.

Embora o estudo aponte fortemente para uma resposta subjectiva das inquiridas, o autor do post de onde eu estou a resumir este acha que não. Que pode ser mesmo uma questão de enorme variabilidade individual aliada ao tipo de experiencia da pessoa. 

Eu acho que para concluir isso é preciso mais informação.  Na realidade o Steve Novella tambem. É um artigo interessante que vale a pena ler.

Via Neurologica blog:  http://www.theness.com/neurologicablog/?p=1428

(1)http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8560964?ordinalpos=1&itool=EntrezSystem2.PEntrez.Pubmed.Pubmed_ResultsPanel.Pubmed_SingleItemSupl.Pubmed_Discovery_RA&linkpos=1&log$=relatedarticles&logdbfrom=pubmed

(2)http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11518892?itool=EntrezSystem2.PEntrez.Pubmed.Pubmed_ResultsPanel.Pubmed_RVDocSum&ordinalpos=20

(3)http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15205981?itool=EntrezSystem2.PEntrez.Pubmed.Pubmed_ResultsPanel.Pubmed_RVDocSum&ordinalpos=13

(4)http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19453931?itool=EntrezSystem2.PEntrez.Pubmed.Pubmed_ResultsPanel.Pubmed_RVDocSum&ordinalpos=1

(5)http://www.timesonline.co.uk/tol/news/science/article6973971.ece

Evidência anedótica

Depois de ter explicado lógicamente há uns tempos atrás porque é que a evidencia anedótica tem de ser vista e manipulada com pinças e fato de astronauta, decidi fazer uma pequena lista de tudo o que passava a ser conhecimento se a evidencia anedótica fosse aceite como prova.

A evidência anedótica é o testemunho baseado em histórinha narradas por um grupo pequeno de pessoas que não são acompanhados de outras provas físicas, são quase sempre irreprodutíveis e frequentemente testemunham acontecimentos extraordinários. Como se fosse uma anedota.

Ora aqui está uma lista de coisas que seriam consideradas reais se a evidencia anedótica não fosse tão mal vista (sem qualquer ordem) :

Elvis Presleys (vários pelos estados unidos fora)

Extraterrestres que vêm fazer experiencias sexuais com humanos (também com preferencia pelos estados unidos,

naves espaciais vindas de outros planetas (neste momento com preferencia pelo México)

yeti, Sasquatch, big foot, abominável homem das neves (zonas frias e montanhosas com pouca visibilidade)

Pais de santo,

cirurgias feitas com as mãos e sem analgesia ou assépsia com cura total,

curandeiros,

monstro de Loch ness, 

fadas,

sereias

vampiros,

lobisomens,

chupacabras,

aliens de várias cores (cinzento e verde mais frequentemente),

dragões,

bruxas,

demónios, diabos e diabretes

duendes,

unicornios,

chakras,

miasmas,

xis,

chis,

qis,

fleumas,

Terras planas,

fantasmas,

espiritos,

orbs,

monstros variados,

elfos,

deuses (milhares deles),

semi-deuses,

santos (muito mais que os da Igreja Católica),

anjos e arcanjos

milagres (idem),humanos com telecinesia, telepatia, mediunicos, profetas,

E muitas mais haverá. É só uma questão de acreditar em tudo o que se diz. Não faz sentido pois não?

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Evidência e Prova.

«Thomas Huxley observou que "a ciência é simplesmente o senso comum no seu melhor; isto é, rigorosamente precisa na observação e impiedosa com falácias lógicas". Esta segunda edição do Reference Manual of Scientific Evidence avança mais o objectivo de assistir os juizes federais em reconhecer as caracterisiticas e o raciocínio da ciência tal como é relevante em casos litigiosos» (1)

Andava a estudar sobre evidência cientifica de um modo mais geral, pois tenho mesmo à vontade é em areas de medicina ( estão muito bem hierarquizadas as formas de evidencia), quando encontrei o manual acima. É muito interessante (Ainda não li mas promete uma boa leitura...). E vem a calhar.

Tenho reparado que existe alguma confusão com o que é admitido como facto em ciência. Ou o que é considerado evidencia ou prova de algo. Ou mais propriamente como isso acontece.

Prova mesmo, só existe em Matemática. No resto da ciência a prova é mais um conjunto de dados que suporta ou corrobora uma teoria. Tal como não há certezas absolutas não há provas absolutas.

Existe de facto uma hierarquização da prova. Em ciencia a autoridade máxima é a prova empirica sistematica, reprodutivel, sustentada pela teoria e rigorosamente documentada. Por exemplo as experiências de Alan Aspect demonstraram implacavelmente que a não localidade quantica (coisas que estão ligadas não importa a distância a que estão) era uma facto tão real como outro qualquer. Para trás ficavam trabalhos de Einstein que chamava a este facto "acção fantasmagórica à distância". Einstein se fosse vivo teria de aceitar essa derrota intelectual.

A forma de prova mais fraca que há é o testemunho anedótico de factos extraórdinários. Tipo alguem que vê algo que mais ninguem vê e ouviu falar ou que não é plausível.

Pelo meio existe todo o tipo de evidência possível. Toda uma gradação existe de um tipo de evidencia à outra. Existêm estudos com amostras pequenas, estudos com amostras grandes, dados suportados pela teoria, dados não suportados pela teoria, dados que apesar de terem sido rigorosamente colhidos podem ser dificeis de repetir, etc. Até as revistas cientificas têm um ranking de relevância que acaba por ser sinónimo de credibilidade no que publicam. E sobre o "peer-review" já tenho aqui falado.

A evidencia teórica está entre estes casos extremos, mas uma afirmação suportada pela teoria, matemáticamente derivada de outras teorias estabelecidas tem um grande grau de certeza. Se for uma questão puramente matemática em relação a coisas muito bem estabelecidas é tido como facto.

A probabilidade de uma afirmação teórica ser verdadeira é proporcional à força do modelo teorico que tem por trás.

O testemunho individual, se acerca de coisas plausíveis, rigorosamente descrito, etc tambem tem valor.

Existirá de facto um limiar minimo para a credibilidade ou que se admite que é preciso juntar mais informação. Muitos estudos terminam exactamente com a conclusão que é preciso juntar mais resultados. Esse limiar está sugeito a discussão em muitos casos. Noutros está metodologicamente definido, como por exemplo na medicina baseada na evidência.

Por exemplo, mesmo que a ciência nunca tivesse perdido um segundo do seu tempo a descrever estados emocionais humanos, relações interpessoais, a evidência acumulada a esse respeito é cientificamente relevante. Não há problema com isso.

Mas por exemplo o relato anedótico, sem provas físicas, sem um apoio lógico forte de que Noé e a familia apenas, passou 40 dias no mar num barco gigantesco cheio de animais que ele próprio construiu, é insuficiente. Tal como o testemunho de que Jesus era um deus e ressuscitou. Requerem mais evidencias para terem valor como sendo conhecimento.

Igualmente, a questão de o cientista não poder fazer por si todas as experiencias, como um anónimo referia no blogue "companhia dos filosofos" é manipulada com este tipo de raciocínio. Por exemplo a massa do electrão. Eu medi? Não. Acredito no que me dizem os físicos? Sim. Por fé? Não. Porque ou tudo isto é uma gigantesca conspiração - o que é uma hipotese muito pouco plausível - ou eu posso satisfatóriamente responder a questões como as levantadas acima:

- Várias pessoas chegaram à mesma conclusão? A medição foi rigorosa e reprodutivel? Foi independentemente repetida? Posso saber exactamente como se chegou lá?

- O processo foi revisto pelos especialistas da area?

- Integra-se num sistema teórico maior e está de acordo com outras questões?

- Existia alguma razão para que se possa suspeitar de parcialidade?

Se sim, então temos razão para dizer que sabemos com um elevado grau de certeza a massa do electrão. Mesmo que nunca tenhamos visto nenhum.

(1) do prefácio de Reference Manual of Scientific Evidence em http://www.fjc.gov/public/pdf.nsf/lookup/sciman00.pdf/$file/sciman00.pdf


Update: corrigido Moisés por Noé. O Sabino e os seus comentadores ficaram muito ofendidos, apesar da evidencia de que o homem sequer existiu seja irreprodutivel, de fonte unica perdida no tempo, não acompanhada de provas físicas e francamente incrivel. Nem é por ter intervenção de uma entidade que deixou de intervir nos nossos dias e que dela não há sinal. É mesmo por ser incrível. E isto sem falar no sistema de esgotos da arca. Ou de limpeza das jaulas. Deus todo-poderoso teve de por os animais num barco para os salvar? Não podia antes tirar a vida aos que queria sem inundar a Terra? Sim, é prefeitamente plausível.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Diálogos entre religião e ciência - um desabafo.

Quando comecei este blog, uma das directivas a que me tinha proposto era não falar de religião. Pensava que podia manter as coisas no ponto de que a religião está num lado, a ciência no outro e não há atritos. Sério. Pensava mais ou menos assim. 

Mas depois apercebi-me que tal não era possível. Afinal a realidade parece ser apenas uma, e parece ser a mesma para todos, e a religião não abdica de fazer as suas afirmações sobre o que considera ser real, mesmo para além da mitologia. 

São as transusbstanciações, as almas, o criacionismo, o dualismo, os mistérios, as considerações sobre neurobiologia, a biogénese, a origem do cosmos, etc.

Há colisões. É a verdade nua e crua. E sei que misturei várias religiões e as pus todas no mesmo saco, mas -lo porque o problema de base e a argumentação de base é a mesma. A religião, seja qual for, implica com o Naturalismo ciêntifico que pensa ser uma lista de coisas que a ciência não pode admitir, implica com o rigor ciêntifico que diz que não se deve inventar o que não é preciso e  abusa do pensamento crítico ao querer através de apelos à ignorância impor um sistema onde a fantasia é indistinguivel da realidade.

A Fé não é um problema. As crenças devem ser respeitadas. Se um crente me diz que acredita num Deus qualquer por Fé, eu não tenho nenhum problema com isso. Vejo um problema sim, nas afirmações que se fazem acerca deste mundo que são (tanto quanto se pode saber) falsas.  E um problema também nas afirmações que se fazem acerca dos limites da ciência humana, como se soubessem dizer onde está o limite até onde podemos chegar, como se isso fosse tão óbvio como uma soma algébrica.

A ciência tem limites. Mas propor um sistema que não seja capaz de distinguir a realidade da fantasia como sendo superior ao ciêntifico enquanto conhecimento é de uma desonestidade intelectual enorme. 

E querer impor esse sistema porque a ciência tem limites (sejam eles quais forem) é uma falácia.

O diálogo possível entre ciência e religião acaba por ser o debate intenso destas questões. E sinceramente não vejo como pode ser resolvido. A religião não abdicará de fazer as suas afirmações sobre a realidade e a ciência não abdicará de procurar fazer afirmações que sejam sustentadas racionalmente e empiricamente

O Prof. Alfredo Dinis do blog "Companhia dos Filósofos", noutro dia escreveu que  acreditava em Deus mas não por ter uma razão qualquer especifica para isso. Ou coisa parecida (1). Infelizmente depois acrescentou uma lista de coisas que ele considerava serem inexplicáveis pela ciência que incluiam o amor (sugiro uma consulta à wikipédia inglesa) para suportar a sua crença.

Eu tenho um problema com esta ultima parte. Com a primeira não. Quem acredita porque tem Fé, não me incomoda. É justo para uma vida curta encontrar apoios. Mas isso não os torna reais, infelizmente. (Este é um erro comum. A validação enquanto apoio psicologico não valida o objecto da crença como realidade outra que a psicológica...)

É o que se faz por causa dessa fé que pode ser um problema. E o que se insiste que tem de ser real por causa disso. É a tentiva de fazer passar Fé por conhecimento que me faz dar tanto tempo a este tema.  

É que crenças toda a gente tem direito a ter as suas mas o universo é o mesmo para lá disso. E sobre a realidade podemos debater livremente.

(1) Estou a citar de cor. A ideia era esta.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Corvo aprefeiçoa ferramenta.


A inteligencia dos corvos é fascinante. Mais do que ser capaz de usar uma ferramenta com um objectivo, ele é capaz de a criar a partir de uma forma ineficaz. Mas o melhor é ver o video.

Veio do You Tube e sugiro que se gostaram deste procurem "Crow tools" e vejam mais uns quantos. Esta não é nem de longe uma ave de um só truque.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Golfinhos a brincar com aros de ar.

O video veio do You Tube. É muito giro.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Sobre a ciência III - O Naturalismo.

Como já escrevi bastante sobre o Naturalismo, não me vou debruçar muito sobre o assunto agora (apesar de ser dos de minha preferência), apenas fazer um curto post sobre a importância deste e sugerir ao leitor curioso que siga a etiqueta "naturalismo".

O Naturalismo é tentar explicar a realidade através dos factos e fenómenos observaveis, isto é, sem postular entidades para explicar um fenómeno quando elas não são nesseçárias.

Sem Naturalismo não há Ciência, é uma consequência do rigor e só pode ser ultrapassado pela força e não pela razão. Mas essa é a vontade de várias religiões ainda nos dias que correm - e a razão pela qual este blogue tem falado tanto acerca de crenças e religiões.

Se não é preciso recorrer a espíritos, duendes, fadas, anjos ou demónios para explicar um fenómeno, então é errado postular a sua implicaçao no processo. Naturalismo é não se introduzirem factores ad-hoc na explicação de um processo.
Naturalismo não é uma lista pré-fabricada de coisas que a ciência "não pode aceitar". Tal lista não existe.

E postular que está para fora do alcançe da ciência também é engraçado. Até porque mesmo a fantasia tem a sua explicação... Mas não é real para lá daquilo que é representado no cérebro.

O que existe sim, é um amontoar cada vez maior de coisas que não precisam deste tipo de coisas "misteriosas" para serem compreendidas e isso esta a desagradar muita gente. Isto sim, é real. Talvez vislumbrem um mundo onde a ciência consegue explicar tudo e morram de medo perante essa hipótese.

Eu não tenho medo do que podemos compreender. Não acho que a magnificiência do universo e a natureza diminuam porque nós a conseguimos explicar.

E também não acho que a ciência possa vir a "dominar" o mundo mesmo só do ponto de vista do conhecimento. Por um lado temos o teorema de Godel, por outro os limites naturais do cientista e do homem... Mas isso é outra história.

PS: acabou por ficar um pouco mais comprido que o esperado... Bem, de facto considero-o um tema interessante e é um ponto de controversia (tola) actual.

Sobre a ciência II - O Reducionismo

Uma vertente da ciência que tem sido muito atacada é a da abordagem reducionista.

O reducionismo é a tentativa de explicar algo reduzindo o objecto de estudo às partículas que o compôem. Mas não só. Também aborda o estudo da forma como estas partículas ou entidades mais simples que o compõem actuam entre si. É oposto de holismo que é abordar um problema como um todo indivisível.

O reducionismo é a solução encontrada para garantir que podemos conhecer todos os factores que influenciam um problema e todas as entidades que estão envolvidas. Tenta-se começar por simplificar o máximo possível, para que não estejamos a estudar influencias externas e para que possamos dizer o que se passa quando todos os outros factores não se alteram.

Compreendidos os processos básicos podemos passar para estudar interacção entre factores, e mesmo deste sistema com outros. E depois, a ciência estuda a vários níveis o universo:

As partículas da física não são as mesmas da biologia. Na biologia poderá dizer-se que a célula é a entidade mais pequena a que é razoável diminuir um organismo, mas não é por isso que deixamos de estudar as relações entre seres vivos. Ou dos mecanismos intracelulares ou de deixar aparecer uma nova ciência só sobre a interacção dos seres vivos como a Ecologia.

Simplificar para compreender é uma ferramenta que não impede, nem proíbe que se estude qualquer problema a vários níveis de complexidade. Até porque existem problemas irredutíveis, mesmo na física. Por exemplo, o planeta Terra tem inúmeros fenómenos sobre a sua superfície que só são explicados se admitirmos que pertence a um sistema maior que inclui o Sol. Torna-se impossível de compreender a vida, a atmosfera, a geografia, etc, se isolarmos o sistema Terra do Sol. A ciência não só reconhece isso sem problemas como o afirma antes de qualquer outros e explica como actua o Sol em inúmeros fenómenos Terrestres, desde a visão.

Se não quisermos reduzir ao máximo um problema voltamos para a abordagem antiga de caixa preta. Avalia-se ao mesmo tempo todas as entradas no sistema e ao mesmo tempo o resultado de saída. Ou seja, todas as causas e todas as consequencias, de uma só vez, sem perceber o que se passa "lá dentro". O resultado é uma confusão de causas e efeitos e uma incapacidade de explicar os fenómenos (que torna atribui-os a deuses uma tentação).

É preciso compreender o funcionamento e ver em detalhe. Saber o que é que está a causar o que aonde. Mas nada força a que não se olhe para a caixa de fora como um todo. Isso aliás como chamei a atenção, é sempre feito na ciência.

Os fenómenos emergentes, os grandes ecossistemas, etc, são por sua vez estudados sendo as unidades mais básicas possíveis. Enquanto outra parte da ciência se preocupa com as partículas sub-atómicas.

O holismo, não sendo uma abordagem tão prolifica se for levado demasiado literalmente, não deixa de ter o seu papel. Mas tem de ser integrado e consistente com o que se sabe passar-se a nível dos constituintes.

As pseudociencias adoram o holismo porque pensam que isso lhes permite falar de um problema sem se preocuparem com o que se passa "lá dentro" ou o que o constitui. Ou pelo menos impingem-nos isso. É muito conveniente particularmente nas medicinas alternativas, em que não é preciso saber nada sobre o corpo para dizer como se trata. Dizem eles, mas não provam. Porque é inventado e não descoberto.

Segundo o holismo destas pessoas uma doença nunca seria resultado do mau funcionamento de um só órgão. E saber onde está o problema não ajudaria a resolvê-lo.

Confunde-se o meio de conhecer, a abordagem em si própria com a realidade. Confunde-se o mapa com o território. Em ciência o território é a realidade e o mapa é o corpo de conhecimentos. Para fazer o mapa usam-se todas as ferramentas possíveis. Esta é uma particularmente fecunda.